quarta-feira, 17 de março de 2010

O POÇO DE SANGUE


Lembro eu que, naquela noite fria ouvi uma voz me gritando — isso que cá vou contar de fato é real, para mim pelo menos foi, mas para você pode não ser e peço que não tente querer acreditar que seja. Pois bem, a voz vinha de fora, mas até a meia-noite foram só dois chamados.

Como eu ainda era — como meus pais diziam — uma criança inocente, fui o primeiro a ir para a cama. Antes de subir para o meu aposento, deixei meu pai sentado no sofá, ouvindo uma música clássica que tocava num radinho de pilha e fumando um charuto amassado sentado em sua poltrona, e minha mãe, recostada em um sofá, lendo um dos seus romances.

— Boa noite, vou indo dormir — disse aos meus pais.

Subi e deitei, rezando para agradecer pelo dia que eu tinha vivido e pedir pelo dia que amanhã eu viveria. Porém, o sono não me veio, e os poucos a voz de alguém, que não discerni se era uma figura masculina ou feminina me gritando, me vinha à mente e aos ouvidos.

Lembro da nossa casa, da nossa fazenda e, daquela maldita noite. Fazia muito frio, e ao longe o vento assoviava uma canção gótica de ternura e temor. As árvores, que dançavam envolta da casa, eram lambidas pela névoa que tomava conta dos campos, bosques, do estábulo, da casa, e, é claro, do poço negro que descansava ao longe, no fundo da propriedade, onde dava-se para ver da janela do meu quarto.

Mas, antes que o medo me venha logo, aqui enquanto escrevo este relato, quero contar que os chamados continuavam, e não agüentando àquela sensação e temendo algo estranho, decidi levantar. Coloquei um casaco e desci as escadas. Uma vez lá embaixo, na porta de entrada, observei o clima sinistro que lá fora se desenhava. Eu tinha 14 à época e vendo através de uma fresta entre as cortinas da porta, senti medo em abri-la e sair. Porem, ainda ouvindo a voz me chamar e sentindo a têmpora me gritar de tensão, abri a porta e senti a nevoa vir até mim e acariciar a minha silhueta.

Olhei ao meu redor. Tudo negro. Tudo escuro exceto por uma luz cor de âmbar provinda de uma lâmpada que pendia no canto da telha do estábulo. Pensei em ir até lá, mas quando ouvi a voz vindo da direção do poço, mudei o rumo do meu caminho — Meu Deus! Me arrepio até agora ao lembrar! Demorei alguns instantes para chegar até o poço. Lá o vento berrava e a nevoa dançava por entre as árvores que dançavam fantasmagoricamente.

— Lincon! — a voz continuava me chamando.

Ela vinha das entranhas do poço. Rapidamente comecei a tirar o tanto de madeira que o mantinha coberto e, assim que o fiz, senti um forte cheiro inundar minhas narinas. O que seria? Pensei. Resolvi puxar um balde cheio lá de dentro. Quando o subi, me espantei ao ver, sentir e comprovar que ele, ao invés de estar cheio de água, como haveria de ser, estar cheio de sangue. Sangue. Larguei o balde rapidamente e peguei uma enorme vara que sempre ficava ao lado do poço e mergulhei-a em seu interior. Revolvi o que me pareceram dois corpos. Corpos humanos. Olhei para dentro do poço e ali, naquele momento, senti uma forte dor em mim quando visualizei duas faces me fitando da escuridão daquele lugar em trevas. Quis gritar, quis correr, mas ao ver meu pai e minha mãe mortos dentro do poço, boiando em seus próprios sangues, quis morrer. Mas, acreditem, desmaiei com um golpe alheio às minhas costas.

12 comentários:

Anônimo disse...

Aff...ainda bem que li isso durante o dia...pela madrugada, cara! rss...que história cabulosa, hein!

dé.bochado disse...

adoro blogs como o seu, vou add em meus favoritos p quando eu ter um tempinho sobrando ler um poco mais

vc disse q naum achou onde comentar no meu blog, eh so ler no finalzinho d cada post, as vezes en confuso pelo link ser vermelho igual o do download, mais eh so ler certin q acha (=

espero sua visita ok'z?


http://drehluvz.blogspot.com/

Dirceu disse...

esse blog é muito massa.. parabéns!!
vou recomendar pra todo mundo q conheço!!
grande abraço

SiMpLiSmEnTe CrIs disse...

nossa é bem aterrorizante né rsrsrrss

mais ta bem legal gostei

beijkas

visita lá

http://crisaoextremo.blogspot.com/

fuiiii

Fê Miranda disse...

Bem, a história ou estória, me prendeu do início ao fim. Gostei do suspense empregado em suas palavras. Continue escrevendo que continuarei lendo.

Se quiser me fazer uma visita será bem aceito http://afeiraelivre.blogspot.com/

Bjo, Fê.

César Marins disse...

Cara eu nem acredito que achei um blog de histórios dos estilos que mais curto... vou postar um comentario melhor assim que ler todos os posts!!

Parabéns!!

eu escrevi um conto de terror um vez depois que achar o link eu te mando pra vc ler e vc comenta o que achou... vlw!!

Helen S. disse...

DELS Q MEDO!

Cabral disse...

Cara que medo!...
to indicando seu blog pra uma amiga q adoraaaaa isso!

Márcio Zago disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Márcio Zago disse...

Cara vc tem uma imaginação macabra!
rsrs
Legal o texto, bem escrito, bem aelaborado... Climão de suspense... Já pensou em ganhar dinheiro com isso?
Então, olha só, posso dar uma dica? Achei tudo bacana, mais no proximo post, coloca o texto em amarelo, por exemplo, assim o leitor nao firma tanto as vistas... (Meus olhos doeram um pouco pelo fato do blog estar em preto e o texto em branco!).
Enfim, só uma dica!
Abração!
--
Acessa lá:
http://marciozago.wordpress.com/

Chora Bonequinha disse...

Nuss bem loka a história ;D
visita lá http://cadongas.blogspot.com

Anônimo disse...

Muito bom; já tinha lido esse conto no Alto Uruguai.
Você escreve muito bem, vou tentar ler os outros contos! E acompanhar seu trabalho também.
Parabéns pelo blog, desejo muito sucesso pra você também.