Os punhos e os tornozelos foram amarrados com arame farpado. À medida que foi sendo apertado contra a carne, o arame foi rasgando a pele e súbito o sangue começou a escorrer. Natan gritou de dor assim que Billy ergueu seus braços e esticou as pernas. A dor latejou em sua alma. Natan estava suspenso, preso apenas pelo arame que rasgava seus punhos.
— Por que você está fazendo isso? — perguntou, com lágrimas nos olhos.
— Foi você quem pediu Natan. A culpa é toda sua.
— Não! — gritava Natan. — Por que?
Billy sorriu.
O local era o porão da própria casa de Natan. Ao surpreendê-lo no sofá assim que invadiu a casa, Billy sabia que estava infringindo uma lei. Porém, sabia que estava querendo cortar o mau pela raiz. O confronto entre eles foi suficiente para Natan perceber que tinha entrado num mato sem cachorro, e que a sua pretensão o tinha levado a isso.
— Não mandei você mexer com a minha mulher... — começou Billy, olhando para os punhos e para os tornozelos quase em carne viva que derramavam sangue. — Saiba Natan, eu andei observando muitas vezes você atrás dela. Foi um erro que você cometeu...
— Mas eu não tive nada com ela.
— Não venha me dizer isso, seu merda! Agora você pagará por isso...
Os olhos de Natan esbugalharam e o suor começou a sair por todos os poros do seu corpo. O sangue dos punhos escorreu pelo braço até chegar aos ombros. Billy o observava. Observava sua angustia sem uma ponta de dó.
— Me deixe em paz! — gritou.
— Não Natan. Saiba que sempre gostei de destruir coisas, e adorava arrancar os braços e as cabeças das bonecas da minha irmã — Billy soltou uma doce gargalhada.
O olhar de Natan petrificou.
— Se eu pudesse lhe dar um conselho que você realmente ocuparia, seria nunca mexa com a mulher dos outros, senão você vai acabar se dando muito mal. É uma pena que você realmente acabou mexendo. E justamente com a minha ainda! — sentenciou.
— Já disse que não...
Billy carregou o punho e desferiu um soco na boca do estomago de Natan.
— Cale a boca. Está na hora de acabar com você de uma vez.
Ao virar as costas, Natan sentiu o sangue gelar. Billy sumiu na escuridão. O porão velho e úmido abrigava dois homens. Somente um deveria sair vivo. E minutos depois Natan, que tentava de todas as formas escapar dos arames que o amarravam e que cada vez mais destruíam a sua pele, ouviu um barulho que jamais desejou ouvir – não àquela hora. Uma serra elétrica havia sido ligada. O que Billy estaria tramando? O que seria aquilo?
Vindo da escuridão, ele ficou de frente para Natan. Seu olhar inchado de medo fitou aquela serra berrando a sua frente como se fosse um animal louco por sangue.
— Não! Não faça isso Billy. Não faça...ahh!
Billy sorriu antes de atorar uma das pernas de Natan. Ele gritou de dor. Depois, no embalo do ritmo, cortou fora a outra perna. O sangue descia como se fosse uma torneira. Em seguida, louco e cônscio daquilo, Billy atorou um dos braços e viu, com o peso do corpo, Natan cair no chão. Mas, não se sentindo satisfeito, partiu o corpo de Natan em dois, como se fosse um pedaço de carne qualquer. Era muito sangue!
Billy largou a serra, cuspiu no que restara de Natam e subiu a escada em direção a rua.